Uma extensa pesquisa clínica tem demonstrado, nos últimos anos, que grande proporção da população global tem tem baixos níveis de vitamina D. Por isso, hoje em dia há uma grande preocupação no meio médico de encontrar meios para identificar a deficiência de vitamina D e suplementá-la quando necessário.
Os níveis de vitamina D estão associados não somente à alimentação, mas também a diversos outros fatores como a obesidade, exposição solar, atividade física, pigmentação da pele e uso de alguns medicamentos.
Para saber mais sobre o que é, para que serve, quais são as fontes e como tomar a vitamina D, acompanhe este artigo até o final.
O que é vitamina D
A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel essencial para o metabolismo dos ossos e minerais.
A pré-vitamina D é produzida na pele e, por meio de reação intermediada pela luz solar, é transformada em vitamina D. Então, a vitamina D é metabolizada no fígado, tranformando-se em 25-hidroxivitamina D (forma circulante de maior quantidade, porém biologicamente inerte), que serve de matéria-prima para a formação do verdadeiro hormônio: 1,25-dihidroxivitamina D (forma biologicamente ativa da vitamina D).
Essa formação depende de bons níveis de cálcio no sangue e da ação do hormônio da paratireóide.
Tipos de vitamina D
Existem duas formas de vitamina D: vitamina D2 e vitamina D3.
Vitamina D2 (ergocalciferol)
A vitamina D2 é de origem vegetal. Ela é produzida por plantas, como cogumelos, quando expostos a raios ultravioletas.
Vitamina D3 (colecalciferol)
Já a vitamina D3 é proveniente de duas fontes diferentes:
- Síntese na pele;
- Ingestão de alimentos de origem animal com alto teor de gordura.
Quando proveniente de alimentos de origem animal, a vitamina D3 é absorvida pelo intestino, transportada até o fígado, onde é metabolizada da mesma forma que a vitamina D que é sintetizada pela pele.
Ambos os tipos, vitamina D2 e vitamina D3, participam dos mesmos processos biológicos no corpo, são metabolizadas da mesma forma e tem potências biológicas equivalentes.
Vitamina D: para que serve
As funções da vitamina D no corpo estão bastante relacionadas à saúde óssea e da musculatura. Contudo, seus benefícios não estão restritos apenas a estes âmbitos:
Regula concentrações de cálcio e fósforo
Uma das principais funções da vitamina D é manter as concentrações adequadas de cálcio e fósforo. Esses nutrientes são essenciais para a saúde do nosso corpo.
O processo envolve a interação de muitos órgãos, como rins, suprarrenais, paratireoides e intestinos.
A vitamina D é responsável pela absorção de cálcio e fósforo pelo intestino, pela absorção renal do cálcio e pela mobilização do cálcio do osso.
Fortalecimento do sistema imune
Estudos apontam que a vitamina D tem ação imunorreguladora no nosso organismo, ou seja, modulam o sistema imune de forma a estimular o seu funcionamento e fortalecer a sua defesa.
A vitamina D estimula a ativação a diferenciação dos linfócitos T, que são importantes células de defesa, principalmente quando se trata na defesa contra infecções virais. Também são responsáveis por estimular o secreção de anticorpos por um outro tipo celular.
A vitamina D também estimula a ação das células NK, um tipo de célula de defesa, que é responsável por destruir células infectadas por vírus.
Prevenção e tratamento de doenças autoimunes
O uso de vitamina D não só previne o desenvolvimento de doenças autoimunes como também pode ser utilizada no seu tratamento.
Estudos com animais mostram que a suplementação com vitamina D tem-se mostrado terapeuticamente efetiva para encefalomielite alérgica, artrite induzida por colágeno, diabetes mellitus tipo 1, doença inflamatória intestinal, tireoidite autoimune, psoríase e lúpus eritematoso sistêmico (LES).
Efeito anti-inflamatório
Como mencionado, a vitamina D atua como um imunorregulador. Isso faz com que ela seja efetiva em regular a resposta imune, mantendo o seu equilíbrio.
Assim, a vitamina D tem também um perfil anti-inflamatório, por reduzir a produção excessiva de algumas citocinas que medeiam o processo inflamatório, que, em excesso, é prejudicial à saúde.
Controle da glicemia
A vitamina D, além de aumentar a produção da insulina, aumenta a sensibilidade das células à insulina.
A insulina é o hormônio responsável por controlar as concentrações sanguíneas de glicose. Dessa maneira, o uso de vitamina D ajuda a prevenir diabetes e síndrome metabólica, que são desordens causadas pelas altas concentrações de glicose no sangue.
Fortalecimento de ossos e dentes
Além de contribuir para a formação de ossos e dentes, o cálcio é importante também para a manutenção da massa óssea.
Cerca de 99% dos estoques de cálcio presentes no organismo encontram-se armazenados nos ossos. Quando há diminuição da ingestão ou absorção de cálcio, o organismo mobiliza o cálcio estocado nos ossos, deixando-os mais finos e fracos.
Como a presença de vitamina D é fundamental para a absorção e mobilização do cálcio, a deficiência de vitamina D pode prejudicar a saúde dos ossos e dentes.
Contudo, quando a ingestão de vitamina D é feita nas quantidades adequadas, ocorre a renovação e fortalecimento dos ossos. Por isso, o fortalecimento dos ossos é considerado um dos principais benefícios promovidos pela vitamina D.
Fortalecimento da musculatura
A vitamina D também tem um papel importante no fortalecimento da musculatura. A vitamina D, através de suas ações sobre a regulação do transporte de nutrientes, síntese proteica e cinética da contração, é importante para manutenção da massa, da força e da velocidade de contração do músculo esquelético.
Assim, a vitamina D pode auxiliar no processo de hipertrofia (aumento da massa muscular), sendo a suplementação de vitamina D uma estratégia interessante para quem pratica musculação.
Por aumentar a massa, resistência e força muscular, a vitamina D pode contribuir de forma indireta para a perda de peso.
Inibe a proliferação de células cancerígenas
A vitamina D inibe a formação das células cancerígenas, além de inibir a proliferação dessas células e retardar a progressão do tumor.
Esses efeitos, além de prevenir o câncer, melhora o prognóstico e a qualidade de vida de pacientes que já foram acometidos pela doença.
Um estudo realizado em 2016 mostra que pacientes oncológicos com níveis adequados de vitamina D apresentavam menos fadiga e melhor qualidade de vida do que aqueles com deficiência de vitamina D.
Fontes de vitamina D
Existem três tipos de fontes diferentes de vitamina D: exposição solar, alimentos e suplementos.
Alimentos
Os principais alimentos ricos em vitamina D são:
- Ovo
- Atum
- Salmão
- Bife de fígado
- Cogumelos
- Tilápia
- Fígado de galinha
- Ostras cruas
- Sardinha em conserva
- Manteiga
- Leite
- Queijo
- Frutos do mar
Síntese pela pele
O próprio corpo humano é a maior fonte de vitamina D. A síntese pela pele, ao entrar em contato com raios ultravioleta provenientes da exposição solar, é a maior fonte de vitamina D.
As fontes alimentares não são capazes de suprir as necessidades diárias. Por isso, o hábito de tomar sol diariamente é fundamental para manter as doses desejadas de vitamina D no nosso organismo.
O recomendado é que a pessoa fique entre 15 e 20 minutos exposta à luz solar, sem o uso de protetor solar nos braços, pernas, costas e abdômen, mas com o rosto sempre protegido.
O protetor solar bloqueia a metabolização da vitamina D.
Suplementos
Uma outra forma de ingerir vitamina D é por meio do suplemento. Ele ajuda a contornar casos de pouca ingestão de vitamina pela dieta e, principalmente, casos de pouca exposição solar.
Contudo, é indicado somente para quem se encontra em estado de deficiência da vitamina.
Deficiência de vitamina D: quais as consequências?
A falta de vitamina D, se não corrigida, pode trazer consequências clínicas graves:
- Hipocalemia (deficiência de cálcio);
- Raquitismo em crianças;
- Deformidade óssea;
- Maior predisposição às doenças infecciosas;
- Relaxamento e contração muscular prejudicados;
- Fraqueza muscular;
- Aumenta o risco de osteoporose;
- Funcionamento do sistema imunológico pode ser prejudicado.
Também existem, no meio científico, algumas discussões acerca da relação entre deficiência de vitamina D e obesidade, resistência à insulina, hipertensão arterial sistêmica, intolerância à glicose e dislipidemia.
Suplemento de vitamina D: como tomar
A suplementação de vitamina D somente é indicada para indivíduos com deficiência de vitamina D. Essa deficiência pode ser consequência da falta de vitamina D na dieta, não exposição aos raios solares, cirurgia bariátrica ou doença inflamatória intestinal.
Os valores de referência para a vitamina D no sangue são:
- Acima de 20 ng/mL é o desejável para a população saudável em geral;
- Entre 30 e 60 ng/mL é o recomendado para grupos de risco (idosos, mulheres grávidas, pacientes com osteoporose, doenças autoimune, osteomalácia, raquitismo e pessoas que vão se submeter à cirúrgia bariátrica);
- Abaixo de 20 ng/mL é considerado deficiente (risco para perda de massa óssea e risco para raquitismo e osteoporose);
- Acima de 150 ng/mL é considerado tóxico.
A prescrição do suplemento deve ser feita pelo profissional de saúde responsável.
De maneira geral, não há um melhor horário para se tomar o suplemento. O indicado é que o suplemento seja ingerido juntamente com uma refeição, de preferência com alimentos que sejam ricos em gordura saudável, uma vez que a vitamina D é lipossolúvel e tem melhor absorção em ambiente com gordura.
Os suplementos de vitamina D podem ser encontrados em cápsulas, gotas ou comprimidos.
O tempo de utilização dos suplementos e as dosagens diárias variam conforme as necessidades e realidade de cada paciente. Portanto, não deixe de procurar orientação do profissional de saúde antes de iniciar a suplementação.
Efeitos colaterais
O excesso de vitamina D no organismo pode ter tóxico para o corpo humano e trazer algumas consequências. Níveis séricos (no sangue) acima de 100 ng/mL é considerado um quadro de hipervitaminose D.
Quando os níveis séricos chegam a 150 ng/mL ou mais, é considerado um quadro de toxicidade por vitamina D.
Esses excessos podem ser assintomáticos ou se caracterizar por manifestações neuropsiquiátricas graves com risco de vida.
Veja algumas das manifestações:
- Hipercalemia;
- Elevação da pressão arterial;
- Alterações neuropsiquiátricas, como por exemplo, psicose, confusão e estupor;
- Náuseas;
- Vômitos;
- Constipação;
- Complicações renais.